sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Carnaval

“Carnaval, Carnaval
Eu fico triste quando chega o Carnaval”
(Arnaldo Antunes)

É batata! Um dia depois do ano-novo começam as vinhetas de Carnaval. E dá-lhe mulata pelada rebolando na tv.

Eu gosto de Carnaval, mas devo me explicar melhor. Na verdade, gosto dos 4 dias que, para mim, é a semana do saco-cheio (parecido com as que tínhamos na faculdade depois das semanas de provas). Você fica quatro dias olhando para o teto e enrolando o cabelo, sem ter que se preocupar com nada.

Eu me lembro que os melhores carnavais da minha vida eu vivi quando era apenas uma criança. O clube da cidadezinha onde morei fazia matinê para as crianças irem fantasiadas e pularem o carnaval. Sabia todas as marchinhas de cor e salteado: Mamãe eu quero, olha a cabeleira do Zezé, ei você aí me dá um dinheiro aí e assim por diante.

Foi literalmente uma festa, mas que durou pouco. Apenas três anos. Após isso o Carnaval se tornou a chatice que é hoje, exceto por não se ter que trabalhar, é claro.

Hoje de manhã vim pensando no significado do Carnaval e divaguei se ele não representa a idêntica política do pão-e-circo praticada na Roma Antiga para conter a rebeldia dos miseráveis.

Para quem não conhece a política do pão-e-circo, eu explico: o Imperador distribuía pão aos miseráveis e montava apresentações de circo para que o povo assistisse aos espetáculos. Assim, com comida para o corpo e para alma (ainda que precárias), eles esqueciam da sua condição miserável e não causavam (muitos) problemas.

Hoje em dia, o pão se tornou o bolsa-família e o circo, o Carnaval. Detalhe importante: o Carnaval tem cobertura televisiva. Agradeço todo dia por terem inventado a tv a cabo. É simplesmente deprimente ter que ficar assistindo aos desfiles que são idênticos, ou pior, os comentaristas que só sabem dizer: “olha que lindo o mestre-sala e a porta-bandeira. A bateria está empolgante”, ou ainda, “esse samba-enredo é realmente uma beleza”.

Tente viajar no Carnaval, mas não se empolgue muito. Primeiro você tem que se preparar para a facada: Carnaval vira sinônimo de extorsão: as oito letras se tornam oito cifrões ($$$$$$$$). Uma pousada no interior ou no litoral passam a custar o mesmo que um pacote até a Argentina num fim de semana normal e um pacote para a Argentina, quase vira um para Nova Yorque.

Todo ano é igual. Eu olho os preços, blasfemo contra a extorsão (sim, eu sou mão de vaca) e fico em São Paulo mesmo. Às vezes viajo com os amigos (o que seria de mim, sem eles?). Mas ainda assim há o problema do trânsito, da falta de água, das filas de supermercado e de padaria.

Acho que estou ficando velha, ou então é o Carnaval que está ficando chato.

Segue minha campanha alternativa (encomendada pelo ministério da saúde), para o uso da camisinha no feriado.

3 comentários:

  1. Ana,
    Também passei deliciosos carnavais numa cidadezinha praiana, em matinês de clube e blocos de rua. Eram confetes, bisnagas d´água e muita alegria... passou. Mas as lembranças, essas ainda nos enchem o coração, não é mesmo ?
    Então um VIVA para os Carnavais de nossas memórias !!!

    Obrigada pela visita no

    http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

    Fiquei muito feliz !!!

    Beijo carinhoso,
    Solange

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  2. Oi Ana,
    Obrigada pela visita carinhosa no meu blog...
    Adorei a sua casinha e o seu texto sobre o carnaval tb está muito bom...
    O meu é histórico...
    E o seu é um pessoal, adorei.
    Se tá certa na tv só dá mulher pelada, mas isso deve dar ibope né
    Então eu tb vou te adicionar
    Volte sempre viu
    Eu tb estarei sempre aqui
    Boa noite, bom descanso pra vc
    Beijos

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  3. Será que é síndrome das mulheres de 30 (e pouco, no meu caso, rs)? Meu último baile de carnaval acabou as 18hs e eu tinha 12 anos. Hoje em dia, nem assisto as vinhetas, são insuportáveis, assim como os comentaristas e seus comentários repetitivos - aliás, deveriam gravar e no ano que vem, só apertam o play. Finalmente, acabou o feriado, começa o ano e vamos enfrentar o dragão, que não é fantasia nem glomoleza, não! Gosto do teu cafofo, bjo, me liga! (=p)

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