quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Papo Cabeça


Nos encontramos em mais uma quinta-feira, dessas comuns, de noite quente de verão. Dessa vez ganhou a panquecaria. Sempre comemos muito quando vamos nela. Comemos, bebemos e conversamos.

Fui a última a chegar. Elas já estavam lá bebendo e rindo, animadas, provavelmente soltando algumas piadas. Avistei-as ainda do lado de fora do restaurante. Como estão lindas, pensei ao vê-las. Todas de ótimo humor. Cheguei sorrindo e com presente para uma delas, que adorou a surpresa e agradeceu.

Chamei o garçom e pedi uma long neck. O garçom traz a garrafinha e um copo em formato de tacinha. Dispenso o copo. O garçom estranha: “vai tomar na garrafa?” Ele diz, vou sim! Minhas amigas me acompanham e também pedem a cerveja, sem copo.

Brindamos animadas, nosso brinde tradicional: “saúde, alegria e sacanagem todo dia” como fazíamos desde o primeiro ano de faculdade. A primeira vez que gritei isso para elas, me olharam assustadas. Eu sempre fui a mais “atirada” das amigas. Nessa época, elas ainda não estavam acostumadas a ouvirem as minhas baboseiras. Hoje, dez anos depois do primeiro brinde, elas já se acostumaram e adoram a idéia.

Estava aberta a sessão de terapia em grupo, onde discutiríamos todos os temas do universo, de sapatos em promoção à posse do Obama.

Uma de minhas amigas vira e diz que atualmente nos apaixonamos pelos homens de verdade e não só pelos bonitinhos, como fazíamos no colegial. Olho para ela. Eu admiro muito essa amiga. Ela sempre foi muito sensata e sempre solta umas observações que me fazem parar para pensar. Apesar disso, é a mais “pollyana” das meninas. Dessas que acredita que o amor supera tudo e que mais vale um amor para te esquentar do que uma carreira bem sucedida.

Quanto ao “homens de verdade”, ela tinha razão. Se você perguntasse à mim, por que eu gostava do Augusto no segundo ano do colegial, eu só conseguiria responder: “por que ele é bonito”. Realmente não interessava muito se ele era simpático, se gostava das mesmas coisas que eu, se era educado ou inteligente. Bastava que fosse bonito.

Talvez pelo fato de ser geralmente uma paixão platônica. Afinal, o bonitinho em questão nem desconfiava que eu gostava dele. Confessei que se meu atual namorado não fosse bonito, eu o namoraria de qualquer jeito. Simplesmente porque ele é simpático, inteligente, bom de cama e de cozinha.

Realmente as coisas mudam, os valores vão mudando com o tempo. Nossas exigências passam a ser diferentes, talvez porque nossa realidade também mude. Queremos que o homem que está ao nosso lado nos ame, ponto final. Não importa se ele é bonito ou feio, rico ou pobre, esperto ou burrinho. Só queremos a reciprocidade do sentimento.

Tudo muda, menos a cervejinha que é tomada direto na garrafa de long neck e o nosso brinde, é claro. Esse será o mesmo até os 90 anos. Quero ser uma velhinha “pra frente”, para orgulho ou desespero dos meus netos, se é que vou ter netos.

4 comentários:

  1. Olá Ana. Que delícia de texto. Me bateu uma saudade gigante das minhas queridas amigas! Todas espalhadas por esse Brasil gigante, mas na hora H todas juntas, seja por telefone, email, telepatia, enfim... Nesse carnaval verei a mais querida de todas, a que se tornou irmã...legal isso né, amamos a todas mas tem sempre aquela mais chegada a nosso coração. Aproveito para te dar uma dica de site que eu amo e tem textos muito bacanas. Espero que goste (se é que ainda não conhece...) http://www.brisarosa.com.br Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Amei seu blog! Seus textos são ótimos!
    Parabéns!
    Ah, também detesto almoçar sozinha.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Oi Diva, tudo jóia? Adoro seus comentários. São sempre muito bons. Eu conheço esse site sim, já até falei com a Cléo (que escreve lá), ela é uma fofa e eu adoro os textos dela, são muito bons. O que eu mais gostei foi o "Ode ao homem brüt".
    Um beijo,

    ResponderExcluir
  4. Oi Sandra,
    Obrigada, vou adicionar seu blog ao meu.
    Um beijo,

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails