quarta-feira, 3 de junho de 2009

A dor poética

A dor do outro é poética porque não a sentimos de fato. Muitas vezes nos tornamos próximos da dor alheia, mas ela não nos afeta como a quem a sente de verdade.
Tentarei ser mais direta. Se uma epidemia começa na China, na Austrália ou na Europa, nos condoemos com os enfermos, mas também respiramos aliviados pelo fato de a doença não ter batido (ainda) às nossas portas.
Será egoísmo ou instinto de preservação?
Quando um amigo nos conta um problema, tentamos consolá-lo de todas as formas e até mesmo ajudamos a solucioná-lo, mas no minuto imediatamente posterior, suspiramos aliviados pelo fato de que o problema não é realmente nosso.
Por que somos assim? Será que na essência somos egoístas, por mais que não admitamos?
Se um avião cai, por que queremos saber quantos passageiros são brasileiros? Será que se não fosse aqui, haveria um pouco mais de conforto psicológico, apesar de todos serem seres humanos? Ou será que é a prova escancarada de que se o problema é do outro, não há problema, porque ele, de fato, não é nosso?

17 comentários:

  1. eu acho q por trás de toda essa "solidariedade" em saber quantas pessoas tinham no ônibus, quantos eram brasileiros, como foi a queda, etc., tem um profundo prazer que vem do alívio em saber que não era vc q estava lá. caso contrário, não tem porquê as pessoas se interessarem TANTO por um fato q não as afeta de maneira nenhuma.

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  2. Eu não me sinto assim, nao lembro de me sentir aliviada, quando chorei a morte de um amigo, agradecendo a Deus por não ter sido meu irmao.
    Algo a se pensar...
    bjO'

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  3. Não acho que seja egoísmo não.
    É pq o problema não é realmente nosso. Parece frieza falando assim, mas egoísmo seria se a gente nem quisesse saber dessas coisas para não nos comovermos, se não quisessemos ajudar o amigo a resolver o problema DELE...

    ate pq, problema, todo mundo tem.
    E o nosso, ninguem pode resolver!! Talvez ajudar, consolar, estar ali presente. Mas só!

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  4. Olá! Obrigada pela visita! Seus textos são bem legais!! Já linkei. beijo

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  5. Acho que realmente temos esta reação diante das tragédias, é quase instintivo. Mas isto não é extremado, como falou a Melanie, as dores próximas são facilmente sentidas e o que acontece com quem está distante passa a fazer parte das estatísticas e serve pra mídia alardar por algum tempo depois é esquecido. Isto é fato.

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  6. Ahh, acho que somos dotados de grande empatia, por isso nós sentimos a dor (em menor escala) junto de nossos semelhantes, e respiramos sim aliviados por não sentí-la plenamente.

    Beijo

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  7. Deixamos a dor entrar no prédio, passear pelo elevador mas nunca de fato abrimos as portas p/ ela. Não é bem vinda! Mas ela aparece, visita...

    O ser humano, acredito eu, tem a vontade de participar da dor do outro, de estar dentro de uma coisa que não o pertence de fato p/ conseguir sair a hora que puder. E é como se sentisse falsamente a dor do outro também.

    Enfim, é mto complicado. O alivio que você disse é natural. É da natureza egoista mesmo do ser humano.

    Infelizmente...

    Bom post! Bjocas!

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  8. Pimenta nos olhos dos outros é refresco: isso é fato.

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  9. Eu fico chocada... desejo de todo o coração que não tivesse acontecido...

    As vezes prefiro não saber muito para não sofrer d+. :(

    bj

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  10. Ia esquecendo de te desejar um excelente final de semana.
    Beijos.

    Viajo e rotorno na segunda.

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  11. Acredito que relatou algo que é constante em nosso mundo, sou piedosos e egoístas com ao mesmo tempo.

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  12. Ana
    eu acho que quando é um amigo (de verdade, não colega) ou um ente querido, a dor bate fundo sim na gente. Em mim pelo menos.
    Quando a coisa está mais longe, concordo que nos condoemos e pedimos a Deus que aquela desgraça nunca se aproxime...
    acho normal, ainda temos muito do instinto de sobrevivência, sim.

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  13. se sua mãe estiver doente, não vai doer em mim tanto quanto doeria se a mãe de uma amiga estivesse doente. o que está próximo de nós nos afeta muito mais. mas, é fato, quando uma amiga sofre dor de amor ficamos dizendo que vai passar, mas não é o que queremos ouvir quando somos nós a sofrer...

    um beijo, ana.

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  14. Dor é sempre dor, não importa quem sinta... Quando choro pelo sofrimento de alguém sinto a dor como se fosse minha. Durante as lágrimas, é muito intenso. O problema é que, depois que desidrato, a razão chega e me diz: "Qual é? Não sofra tanto que sua hora vai chegar". Se todos pensássemos no sofrimento alheio antes de fazer uma maldade, o mundo teria menos desgraça. Quando pergunto quantas pessoas estavam no avião é que já estou pensando em quantas pessoas sofreram, quantas famílias e amigos aquela situação afetou. Claro que é um alívio saber que não tinha um ente-querido lá, mas sofro por pensar o que eles passaram lá, os que os palestinos sofrem, o desespero das vítimas do WTC ligando para as famílias... Enfim... Mas se eu cair em depressão cada vez que acontece uma desgraça é melhor eu contratar um terapeuta em tempo integral... Mas tem gente que não está nem aí mesmo... Gostei do post...

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  15. acho q o que penso é um amistura de tudo q foi dito, concordo, que deixamos a dor entrar no prédio, apresentamos a ela o prquinho e o salao de festas ensinamos a usar o elevador mas nao a deixamos entrar no apartamento. também acho que acabamos por nos acostumar a ver a dor alheia e sofrer junto sempre com aquele ponto de "graças a Deus nao foi comigo".
    enfim, sabemos que a dor nos faz crescer e amadurecer, mas sempre a evitamos nao é mesmo.
    Bjos.

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  16. Oieeee...
    tem presentinho pra vc lá no meu blog!!
    Selos 2, 7, 8.

    Corre lá!!

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  17. Eu pelo menos sinto a trsiteza desses familiares,porque a vida é muito loca,amanhão posso estar passando o mesmo...
    Me envolvo até demais,não gosto de ver ninguém sofrendo,mesmo pessoas que nunca vi na vida!

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