segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Amor em meio a sexo, drogas e rock’n roll


Vi uma reportagem semana passada que me fez repensar alguns conceitos. Foi publicado no jornal The New York Dailly, a história de dois jovens que, fotografados durante o Woodstock, permanecem juntos até hoje.

A foto é bacana e mostra bem como o foi o festival: uma festa sem muita divulgação organizada numa fazenda sem muita estrutura com vários cantores talentosos e onde choveu torrencialmente. A conclusão disso foi que tudo virou a maior lama. Mas, alheios a sujeira e a baderna, um casal de namorados abraçados parece compartilhar um momento especial e que se tornaria histórico: afinal eles estavam em WOODSTOCK.

O mais incrível é que, quarenta anos depois, o casal de namorados foi entrevistado e eles ainda estão juntos! Não é incrível isso? Fiquei tão feliz com essa notícia... Em tempos de efemeridade de sentimentos, de relacionamentos descartáveis e da rapidez em que se casa e descasa atualmente, ver que existem pessoas que conseguem resistir às diferenças e dificuldades ao longo dos anos me faz acreditar que isso ainda é possível.


Ao ver a foto do casal abraçado num edredom limpinho, com cabelos brancos e rostos enrugados me fez admirar a capacidade de abstração deles. Imaginem o que esses dois não passaram juntos? Imaginem por quantas vezes não tiveram que ouvir e se calar, ou tiveram que pedir desculpas ou ainda tiveram que suportar coisas e pessoas que não lhe agradavam para manter um casamento feliz ou no mínimo amistoso?

O que mais me agradou, além do fato de eles estarem juntos, foi o fato de isso ter acontecido em meio a uma filosofia difundida à época de “amor livre”. A pílula já tinha sido inventada e as mulheres conseguiram desvincular o sexo do ato de ser mãe. E mesmo em meio ao sexo e amor livre que eram tendência na época, e mesmo com a oficialização do divórcio esse casal continuou firme e forte um ao lado do outro.

Acho que ninguém se casa pensando em se separar e também não acho bacana pessoas que mantém um casamento de fachada só para manter as aparências. Não é disso que quero tratar em meu texto, muito pelo contrário. Muitos casamentos se mantinham no passado pelo fato de a mulher não conseguir se sustentar e como dependia do marido, achava melhor mantê-lo do que passar dificuldades. Sem falar que o mundo era muito mais hipócrita...

Com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, as esposas viraram a mesa e como já conseguiam se sustentar passaram a defender sua autonomia e independência de forma pioneira, o que me faz ter muito orgulho da evolução atingida.

Mas toda essa “facilidade” que adveio de uma junção dos fatores já mencionados fez com que uma avalanche de separações fosse iniciada. Vejo que muitos casais se casam e com um ou dois anos de casados se separam e daí podemos concluir duas coisas: (i) foram escolhas equivocadas que poderiam ter sido constatadas durante o namoro; (ii) atualmente as pessoas desistem de viverem juntas nos primeiros sinais de dificuldade.

Não quero aqui julgar ninguém. Não estou levantando nenhuma bandeira a favor ou contra algo. A única coisa a ser exarada com esse texto é a admiração que sinto por um casal que esteve junto em Woodstock, que amava os Beatles, os Rolling Stones e o Jimi Hendrix e que estão juntos até hoje para mostrar que além do sexo, das drogas e do rock’n roll, existe também o amor. E ele pode, de fato, amadurecer e gerar frutos.

PS: Graças a paciência e boa vontade da Ana Luiza, esse blog passou a ter hiperlinks!

25 comentários:

  1. Nossa,lindo...A foto é impresionante!!É a historia desse casal de valentes me deixa pra lá de intusiasmada!

    bjOo'

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  2. Superação e amor incondicional.aquele q supre deficiencias humanas e acredita nesse bem querer.
    Bacana demais a foto.a materia e principalmente saber de vc em relação a ela.

    carinho
    Denise

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  3. Você foca aí dois pontos importantes e ainda bem que o faz, de outro modo iria ficar um pouco desconfiada do seu feminismo. Por um lado realça a independência económica das mulhere e por outro a possibilidade de controlarem a sua capacidade reprodutiva. Estas duas áreas são fulcrais para se conseguir reverter a situação de opressão que muitas mulheres ainda hoje vivem. No meu blog abordo hoje precisamente este tema, se quiser dar uma mirada é bem vinda.
    Claro que o aumento de divórcios é em grande parte reflexo da emancipação feminina pois as mulheres tem agora outras opções que antes lhes eram negadas, não é uma situação desejável, mas há coisas bem piores.

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  4. Nossa que legal!! Ainda se pode acreditar no amor!! Beijinhos para você e boa semana.

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  5. Não seja tão pessimista, existem sim vários casais que duraram muito tempo...=)

    É um "sonho possível", acredite!

    =D

    Beijão!

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  6. Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento. (Machado de Assis)

    O homem de hoje "de fato" quer uma sócia, ... pro bom e pro mau tempo, queremos dormir abraçados de vez em quando, superando todas as dificuldades de um relacionamento.
    Mas não tá fácil.

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  7. uma vez vi a historia de uma mulher que tinha tomado tanta droga nessa epoca (pesada e diariamente) que ela simplesmente não lembra exatamente o que se passou num periodo de dez anos da vida dela. custei a acreditar, mas pela cara dela, não ha duvidas. deve ser esse o segredo de um casamento feliz.

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  8. Adorei seu texto Ana e principalmente a abordagem que tras nele. Pena que são poucas histórias como essa que resistiram ao sexo, drogas e rock rol. Hoje o casamento se tornou uma loteria, pois pouco conseguem manter.Acho que a causa maior disso é o individualismo, é uma vida dois é um interação entre gosto, sentimentos , que nem acredito senti o casal da foto.

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  9. as fotos, as duas, sao dliciosamente lindas
    como se nos dois momentos fosse possivel observar o tempo parar.
    fotografia
    foto+grafia
    escrever com luz
    e essas fotos sao epressoes dessa escrita, de como algo pode ser eternizado.

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  10. Lindo seu texto querida....vc disse tudo no final: havia sexo, drogas e rock'n roll....mas havia amor....havia respeito e vontade de dar certo, de investir no relacionamento, de se redescobrir dia-a-dia.....se não houver isso, vc pode tentar fazer o caminho contrário: se entupir de drogas, de sexo e de rock....mas não vai rolar!
    Bj

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  11. Muito boa a história, faz a gente pensar na nossa vida, nos nossos relacionamentos.

    Bom texto!

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  12. muito ótimo ver que há casais que superam as crises que existem em todo relacionamento e podem mostrar uma história bonita como essa, né?

    beijos

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  13. Nossa Ana, a foto me emocionou! Muito maravilhoso esse amor que transpões tantas barreiras, né? E concordo com tudo o que vc falou. Não é que eu seja contra o divórcio, afinal, as pessoas devem ter o direito de se arrepender de suas escolhas e quererem ser felizes de novo, mas acho que já há uma banalização do casamento, as pessoas casam sem certeza do que querem, só pela facilidade de acabar com tudo depois..
    ;P

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  14. Sabe... Acho lindo esses relacionamentos que começaram para durar a vida toda. Mas, hoje, depois do fim de um casamento de 8 anos, não acredito mais neles. Não acredito nas pessoas. É triste, mas não consigo acredita em amor verdadeiro. Quantos micos e sapos cada um teve que engolir para o casamento não chegar ao fim? É admirável, mas não acredito na felicidades deles... Ótimo texto. Bjoooo

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  15. Ah, que lindo Ana! Realmente depois do seu texto a minha fé no amor aumento um pouquinho mais! Isso é tão bom.

    Não tiro uma vírgula do que vc disse. Haha, pra vc pôr o link é fácil. Em cima da caixa de texto no blogger tem uma imagem de mundinho com uma corrente -> ali é o hiperlink.

    É só vc destacar a palavra que quer pôr o hiperlink e colocar o site depois de clicar na imagem de "mundinho com a corrente". Hehe, espero que vc tenha entendido :)

    Beijos! Adorei o post! :*

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  16. Own, Ana (estou rindo um montão até agora *risos*). Vc é uma fofa! :D

    Hehehe e eu tava me perguntando se vc ia entender porque eu achei que tinha explicado tão mal!

    Beijos e viva a insônia! (as 02:10 da manhã no computador, vê se pode?)

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  17. Bom dia!!!

    Para começar o dia bem tem um selinho lá no Compartilhando Leituras pra vc com carinho!!!

    Abraços...

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  18. Amei esse post porque:

    Amo A época do Woodstock,as músicas ,a filosfia,queria ter sido jovem naquela época.

    Amo casais que estão juntos e felizes há anos,isso vem a contradizer o que andam dizendo na nossa era:Que casamento não dura.

    Concordo com tudo o que vc disse!

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  19. cada dia me convenço mais do quanto é difícil amadurecer o suficiente pra conseguir manter um relacionamento pra vida toda. mas aí vejo essas coisas e fico mais confiante! legal!

    ah, vc fez uma ressalva interessante: o casal viveu a revolução cultural dos anos 60/70, ou seja, eles ESCOLHERAM ficar juntos. Dificilmente o fizeram por pressão social, já que subentende-se q essa geração desafiou tudo isso...

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  20. E o mais incrível, é que naquela época em que o Amor Livre era o mote principal da juventude, os dois ficaram juntos.
    Tenho um casal de vizinhos, com idade em torno de 60 anos, que me mostraram fotos de quando eram hyppies na década de 70. Me emocionei quando vi!
    Outro belo post, garota!
    Beijãozão!

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  21. Muita gente viu aqueles tempos e aquelas pessoas com preconceito. Como se em Woodstock não houvesse pessoas dispostas a enfrentar todas as dificuldades de um relacionamento estável e duradouro.

    E que bom que eles arrumaram um edredom novo.

    bjs

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  22. Putz...muito piegas,mas é tudo que eu mais quero.
    Achei lindo.

    bjo

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  23. Oi Ana! Que saudade de você!!
    E que saudade daqui e dos teus ótimos textos!!
    Bom, ainda bem que voltei, porque esse teu texto veio como uma luva para essa imensidão de sentimentos controversos que eu ando sentindo ...
    E eu concordo ... céus, como tenho esperanças que esse tipo de amor...forte...incontrastável....único....também ocorra em minha vida...
    Grande beijo!

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  24. Olá, Ana. Muito bacana o seu post. Como você disse, sim, estamos em tempos da efemeridade dos sentimentos. Mas não só isso, efemeridade na importância às relações pessoais, ao trabalho, aos desejos e ao consumo. Mas, principalmente, a tolerância em relação ao outro mudou. É o que Bauman chama de 'líquido'. Em relação à superficialidade do amor, cito seu livro "Amor Líquido", que talvez você até conheça. É um bom manual pra percebermos como estamos sucetíveis à intolerância do outro.
    Um abraço.

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  25. Amor: ele, de fato, (nos)amadurece e (sempre)gera frutos.

    Abrçs.

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