sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sexo Casual


Conheceram-se por acidente. Ela foi devolver uns livros na biblioteca. Ele passeava com o cachorro. Politicamente correto, possuía o kit para recolher as impurezas eliminadas pelo corpo canino. Ela estava com um casaco de plush lilás e tinha uma pinta no lado esquerdo da boca, como tem a Cindy Crawford.

Ele ficou instantaneamente atraído por ela: cabelos castanhos, olhos negros, boca bem desenhada, aquele jeito de mulherão sem dono. Decidiu arriscar uma tentativa de aproximação. Ela, quando o viu, todo maroto com seu cachorro, sentiu que poderia finalmente se desestressar sem tomar nenhum ansiolítico. Daria pra ele. Sim, com certeza, era só ele pedir.

Ela teve sorte, ele perguntou as horas. Ela respondeu com um sorriso. Ele perguntou aonde ela ia. Adorou a petulância interrogativa e respondeu indicando a biblioteca pública, com a cabeça, sem desgrudar os olhos dele. Sabia que não daria o primeiro passo. Estava determinada a “se deixar conquistar”.

Ele, então, percebendo os sinais gratuitamente cedidos por ela, perguntou se poderia acompanhá-la. Ela fingiu estar em dúvida. Olhou para um lado. Olhou para o outro. Voltou a olhar para ele. Ele estava sorrindo e esperando a resposta. Ela fez sua melhor cara. Aquela que treinou no espelho. Que mistura Natalie Portman com Sasha Grey. Olhar de menina que no fundo quer mostrar o mulherão que é.

Ele sacou. Pegou ela pelo braço, levou até a biblioteca e depois foram direto para casa. Dele.
Ofereceu uma taça de vinho. Ela adorava homens que têm vinho tinto em casa. Que estão sempre alertas para taças-de-vinho- tinto-de-emergência.

Sentiu que sua calcinha molhou quando, ao pegar o copo que lhe era oferecido, olhou para ele e viu sua cara de Javier Bardem. Olhou para ele baixando um pouco a cabeça. Estava se preparando para dar o bote. Tomou um gole de vinho sem deixar de olhá-lo.
Foi em direção a ele e parou a um palmo de distância. Ofereceu seu copo para ele beber. Ele passou o braço em sua cintura, deu uma talagada no vinho e a beijou forte. Ela percebeu sua excitação.

Nenhuma palavra precisou ser dita.

Ela foi embora com um sorriso nos lábios. Enfim, só.

12 comentários:

  1. Ei Ana. Que historinha legal, parecia até uma cena de filme.. esse joguinho de sedução
    hahaha
    Beijoss!

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  2. As vezes, o jogo de sedução é igual ou melhor que os "finalmentes"! rsrs
    Nesse caso, acho que tudo teve início, meio e fim. Se fosse melhor...piorava! rsrs
    Adorei o texto, minha amiga!
    Beijãozão!
    P.S. vou publicar o comentário, e ler mais uma vez! rs

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  3. Ai, curti demais!!!
    Conto curtinho e ótimo!!!!!
    Bjs

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  4. U-A-U. Lindo conto, bem detalhado! Amei xará!

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  5. Esses encontros assim, sem nada programado, são os melhores.


    PS: Primeira vez que leio uma mulher escrever sobre sexo - contos, bem direta ao ponto sem deixar de instigar o leitor a imaginar o resto da cena.

    Muito bom

    Beijos

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  6. Adorei Ana.
    Direta e sensual.

    Gosto disso.

    beijão

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  7. Uau!!!
    Sempre digo que é deste encontros acidentais, sem previsão nem planejamento de nada que sae grandes eventos.
    Adorei!!!
    bjos

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  8. Mais um texto M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O !!!!
    É meu primeiro comentário aqui, descobri seu blog há poucos dias e saboreei cada post como se fosse a página de um livro delicioso, estou me tornando seguidora de seu blog com muita honra e carinho.
    História engraçada: um pouco depois de ter dito ao meu namorado que estava cansada de ler blogs superficiais que só tratam de futilidades encontrei o cafofo no blogroll de alguém (não lembro qual, sorry), é com prazer que me torno encafofada, você já está no meu blogroll.
    BJOKS.

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  9. a vida acidental é tao instigante quanto a vida intecional nao é mesmo.

    querida,
    amo seus textos,
    vc é o talento em pessoa

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