sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Comer, Rezar e Amar



Fui assistir ao filme e confesso que saí com uma sensação estranha do cinema. Não que o filme fosse ruim, pelo contrário. Achei a atuação da Julia Roberts muito boa e o amigo que ela faz na India, o Richard Jenkins, excepcional. Ele me lembrou meu psiquiatra que fica cutucando meu suposto ponto de equilíbrio e derruba todos os castelinhos de convicções que eu ingenuamente criei durante minha curta existência.

O filme é baseado no livro autobiográfico de Elizabeth Gilbert, onde a autora decide visitar três lugares do mundo para fazer o que gosta. Comer na Itália, Rezar na Índia e na Indonésia acaba reencontrando o amor.

Foi bacana o filme mostrar que as pessoas podem se tornar infelizes quando supostamente tudo vai bem. Pelo menos na aparência. É bacana ainda mostrar que atualmente as mulheres podem, sim, tomar as rédeas de suas vidas e irem atrás da própria felicidade, independente de marido e filhos, apesar de ainda existir muito preconceito nesse mundo. Basta notar que é sugerido à Julia, durante toda a sua jornada, que falta a ela um marido, para ser feliz.

E ela contraria a tendência natural das coisas, que seria se encher de antidepressivos, dá adeus a todo o seu “mundinho” supostamente seguro, à sua zona de conforto. Faz as malas e vai. Para Roma. Sem falar um cazzo de italiano. Ela se joga na vida, no mundo. De peito aberto, como muito poucos seres humanos têm coragem de fazer. De abandonar sua carreira e amigos. E lá ela come, e muito. Que delícia. Fiquei salivando durante toda essa parte do filme.

Adorei o fato de ela comer sem culpa. Tem coisa pior no mundo do que comer com alguém um doce gostoso e ficar ouvindo “ai, vou engordar: preciso malhar para perder todo esse doce”. Tem uma frase no filme que ela diz para uma amiga que ela fez na Itália, que eu achei fantástica. Ela não queria comer uma pizza M A R A V I L H O S A porque dizia ter engordado 5 quilos. Ela vira e diz: Você não vai deixar de comer uma pizza na Itália, né? Você, alguma vez, já ficou pelada na frente de um homem e ele te mandou embora por conta de uma barriguinha saliente? Come logo esse pizza e depois a gente compra um jeans mais larguinho.”

Não quero fazer apologia à banha. Gente, não é isso. Obesidade traz conseqüências à saúde, etc e tal. Mas as pessoas estão deixando de se permitir a felicidade. Comer uma pizza enche o estomago de boa comida e o cérebro de serotonina e isso é simplesmente uma delícia!

E antes que você me xingue e diga que eu estou contando todo o filme. Achei excelente quando ela manda um e-mail a todos os seus amigos ao redor do mundo e diz que se ainda estivesse em Nova Iorque e fosse comemorar seu aniversário, ela daria uma festa cara e ganharia presentes fúteis. Ao invés disso, pede que todos eles doem o dinheiro que puderem para ajudar uma amiga que fez em Bali. Desapego e compaixão irretocáveis, não?

Ainda não sei explicar porque o filme me causou uma sensação estranha. Seria o desapego ainda não atingido? (Por que, meu Deus, eu insisto em ter tantos sapatos?). A vontade de colocar uma mochila nas costas e sair desbravando o mundo e não ter coragem? Não tenho certeza, mas quando descobrir, eu aviso.

PS: O que é aquele Javier Bardem bronzeado e arranhando o português em Bali? Jesus, apaga a luz!

13 comentários:

  1. Oi Ana, eu gostei muito do filme, e esta parte da casa para Tutti é minha preferida também. Para mim, veio em uma hora ótima, em que repenso várias coisas da minha vida. No meu caso, vida profissional, o que não era o dela. Acho que todos nós temos coisas em nossas vidas que precisam ser mexidas. Quando tomamos coragem para fazer, dói um pouco, pode dar esta sensação estranha, mas quando encaramos, crescemos e podemos ser mais felizes!
    Sucesso em sua busca. Um beijo.

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  2. Eu AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII o filme...
    simplesmente excepcional!!!
    Até escrevi sobre ele no blog tb...

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  3. Oi Ana,
    eu também adorei o filme, mesmo a crítica metendo o pau na produção, direção e adaptação.. eu também me identifiquei muito com as mesmas cenas que voce, e te digo mais, me emocionei de verdade. E saiba que saí de lá me questionando se eu preciso 'TER' tanto para ser mais feliz.. :)
    Beijinhos e bom final de semana

    P.S: O Javier Barden é mesmo de tirar o folego, benza Deus!!!

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  4. Oi Ana!
    Eu li o livro e estou doida para ir ao cinema conferir o filme!
    Eu concordo com vc em vááárias coisas que foram abordadas na postagem...
    Sabe, para colocar a mochila nas costas e também dar as costa à um casamento com cara de perfeito é preciso MUITAAAAA coragem!!! Mas muita mesmooooo!
    Nossa zona de conforto nos engole e engessa...
    Bj
    Alê

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  5. Oi Ana, já tinha lido o livro (q é bem melhor, claro), mas quis ver o filme pelos locais q ela passou e pelo Javier Barden...q homem é aquele????
    Toda a história dela me deu uma bela chacoalhada no fim do meu namoro...de para para avaliar o q a gente realmente deseja e o q vamos empurrando com a barriga. Acho q essa sensação estranha é uma coisa boa...rs

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  6. estou tão fora que não sabia do filme.Como amo essa atriz e quase tudo o que ela já fez,vou procurar pelo filme e assistir.Amei o enredo .Caso resolva trocar os sapatos pela mochila nas costas,me chama que eu vou...beijokas

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  7. Ei Ana
    =]
    Não li o livro, nem vi o filme, e pra ser mais exata, não tinha a menor noção sobre o que falava, haha, mas achei legal, agora fiquei com vontade de ler! E amei a filosofia dela na hora de comer a pizza, sou igualzinha!
    Beijos

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  8. Oi Ana, saudades de ti moça!
    E aí se preparando pro casório? Que função gostosa,né?
    Sobre Comer, rezar...Li o livro e ainda não tive tempo de ver o filme, tô louca pra ver.
    O que acontece é que quando tu vê uma pessoa indo atrás da sua busca interna isso nos desacomoda, mexe com a gente.
    Coisa boa! E de quebra achar um Javier seria a cereja no bolo, se bem que cá entre nós, eles forçaram na adaptação porque o real não tem nada de bonitinho. rsrsr

    bjão

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  9. Oi Ana
    Tb fui assistir. Gostei pois foi minha primeira ida ao cinema pós parto!! Mas o que gostei mesmo foi da trilha sonora! Mal podia chegar em casa para comprar as músicas do Eddie Veddler.
    O filme é bom, mas o livro empolgou mais!
    bjs e saudade dos seus posts!

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  10. Ana,

    Me identifiquei muito com seu post. Também adorei o que a Liz disse pra amiga sobre ficar pelada na frente de um homem. É isso mesmo, eles nem ligam. A gente é que tem essa paranóia de engordar. rsrs
    Também queria TANTO ter desapego e não sair por aí fazendo minhas comprinhas, usando cartões de crédito. rsrsrs
    E mais: ando com uma vontade louca de faze ruma viagem maluca, me aventurar, conhecr algo novo. Será que passa? =P
    Um beijo pra você

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  11. Dar uma voltinha, sair de casa e de si, sempre traz resultados, e bons!

    Não sou ligado em coisas, e, em muitas coisas; mas sinto um certo tipo de insatisfação; também estou de olho nela...

    Boa escrita, agradável.
    voltarei para ler algumas coisas que escreveu. Últimamente venho buscando um tipo de escrita mais descompromissada e mais..., mais 'perto' da pessoa que escreve: com uma pitada de auto descrição do próprio momento.

    A gente se vê.

    Abraços.

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  12. Ana,

    Eu ja tinha comprado o livro, tentei ler várias vezes e não consegui, achei mt down. Apesar de muitas pessoas falarem bem do filme ainda não fui pq estou resistente...rsrsrsr

    Ainda tentarei ler o livro antes de ver o filme, deve conter detalhes interessantes nele.

    Quanto ao desapego... acho que não consigo.rsrsrsr

    Apesar do sumiço, acompanho aqui viu...

    bjs

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  13. Olá, Ana!
    Ao assistir tive a mesma sensação que a sua...como sempre busquei o "equilíbrio", creio que causou um certo impacto.
    Todos os atuantes do filme incorporaram bem seus personagens e creio que muitos refletiram sobre suas vidas...principalmente com relação a família.
    Espero que seja como uma corrente do bem...
    Parabéns pelos comentários, até a próxima :-)
    Desejo a você, paz, luz e muito amor.

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