terça-feira, 16 de novembro de 2010

Epifania

Essa foto eu tirei na última viagem ao Uruguai. Mais uma tachinha foi colocada no meu mapa mental.

Eu sempre quis saber o que seria quando eu crescesse. Passava horas imaginando como seria ser adulta, usar sutiã, namorar e pagar minhas contas. Sem precisar de absolutamente ninguém. Achava que eu não teria problemas, ou melhor, que como adulta que seria resolveria todos eles de forma prática e rápida.

E cá estou eu, num vôo Brasília-SP, viagem de trabalho, sem ninguém conhecido ao meu lado. Na verdade, o cara ao meu lado está sendo simpático demais. E chega uma hora na vida de uma mulher que ela percebe que quando o cara que é simpático demais, dificilmente faz isso sem querer algo em troca.

Hoje eu sei. Mas custei a entender.

Custei a entender que na vida você tem que fazer escolhas. Que você não vai poder ter tudo. Porque o preço para se ter tudo é alto demais.

Aquela frase que diz que você faz as suas escolhas e suas escolhas fazem você é clichê, mas é a verdade. Eu sou hoje o que escolhi para mim. O que eu achava que seria o melhor, o mais correto.

Tenho uma profissão tradicional. Trabalho numa empresa. Tenho horário a cumprir. Uso roupa social de segunda a sexta-feira. Fico aconselhando as pessoas a seguirem a Lei. E a interpretar o que a Lei quis dizer. Vejam vocês. Quem diria! Moro sozinha, pago minhas contas. Essa é a vida que eu sonhava ter quando criança?

Hoje vejo que sim. Fato é que a gente tem mania de romancear um pouco as expectativas. E no final do mês, vence o aluguel. É isso que a gente aprende quando cresce: o preço de morar sozinha é pagar o aluguel. O preço de ser independente é ter que trabalhar quando o que talvez se queira fazer seja porra nenhuma.

Hoje eu posso falar “porra nenhuma”. Já sou adulta. Mas agora nem tem tanta graça assim falar palavrão.

Quando você cresce, você acha que o bacana é não ter compromisso. É ser despretensiosa. É ter uma mochila com algumas peças de roupa nas costas e um mapa mundi nas mãos. Porque a vontade de aprender e saber cada vez mais não passou com a idade.

E quem disse que não dá para viver assim? Claro que dá. Aos finais de semana dá. E durante as férias, também. Você percebe quando vira adulta que tudo tem sua hora e seu lugar, e é por isso que cada coisa tem uma razão de ser.Tem hora certa para acontecer.

Hoje eu sei. E sou feliz assim.

5 comentários:

  1. Bem vinda ao mundo dos(as) maduros(as).
    Cada um o é do seu jeito...
    Estarmos juntos é de grande ajuda e prazer.

    Abrçs!

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  2. Ahhh que texto lindo, querida!
    Sabe, eu me encho de minha vida quadradinha, recheada de dores de dente alheias, receituários e aventais brancos... mas isso garante minhas extrapoladas financeiras.
    Eu queria ter feito jornalismo (!), mas hoje, não me arrependo do que sou. Como vc, ponho a mochila nas costas, abro meu blog e me arrisco no meu "jornalismo" amador. Conciliei as duas Alexandras que habitam em mim!
    Bj

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  3. Ei Ana! Eu ainda estou na idade de estar próxima disso tudo aí que vc disse, hehe.
    Beijos

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  4. Olá Ana,

    O meu nome é Margarida e sou a Responsável de Comunicação do projeto Paperblog.
    Gostaria de perdir desculpa por deixar um comentário no blog, mas não encontrei outra forma de entrar em contacto. Venho convidá-la para conhecer o projecto Paperblog: http://pt-br.paperblog.com/ cuja missão é valorizar e dar a conhecer o trabalho dos bloggers.

    Gostariamos que o seu blog fizesse parte deste projecto, uma vez que os seus artigos são muito interessantes e, tenho a certeza, que agradariam aos nossos leitores.


    Com os melhores cumprimentos,

    Margarida
    Responsável de Comunicação
    margarida [at] paperblog.com
    http://pt-br.paperblog.com/

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  5. É isso aí, trabalhar para pagar a conta da liberdade e da felicidade.
    Belo texto!

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