quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Você não tem pós graduação?


Ouço essa pergunta há cinco anos. Desde o momento em que me formei, ouço meus amigos me perguntando por que não faço pós-graduação.

Quando resolvi mudar de emprego, me perguntaram na entrevista, por que eu não tinha pós-graduação. Preencho um cadastro num site e perguntam em grau de escolaridade: “superior incompleto, superior completo ou pós-graduação”.

A sociedade vive me cobrando a tal pós-graduação. Eu estudei até o terceiro colegial. Fiz dois anos de cursinho. Cinco anos de faculdade e mais seis meses de cursinho (para passar na prova da OAB).

Será que já não deixei muita gente rica? Vou ter que continuar enriquecendo os outros com o meu dinheiro?
Sou pressionada no trabalho a ter pós-graduação. Apesar de ter feito um ano de mestrado como “papagaio de pirata” (desses alunos ouvintes que assistem às aulas, estudam, mas no fim, não pode dizer que têm mestrado), agora vou ser obrigada a fazer a maldita pós-graduação.

Como não tenho sobrenome famoso, nem sou pessoa influente, nem tenho pai rico, o mestrado “com diploma” vai demorar a ser obtido. Talvez, um dia, quem sabe? Pensei há três anos que, já que teria que fazer pós-graduação, que fosse um mestrado. Para quem não sabe, mestrado também é pós-graduação, só que estrito senso. A pós-graduação mais conhecida é a lato senso. Não sei para que existe essa divisão, mas como não me interesso muito pelo assunto, não fui atrás para me informar.

Me inscrevo numa dessas faculdades que estão na moda atualmente, que tem nome bonito, a abreviação de alguma coisa que soa importante, imponente, com prédio chique e móveis novos, cheias de tecnologia.

Chega o administrador do curso e diz, todo feliz e empolgado, que vou ter que fazer uma prova (para se justificar, ele diz,você sabe como é, não é? preciso selecionar os advogados, já que todo mundo termina a faculdade, passa na OAB, mas nem todo mundo tem bagagem suficiente para acompanhar esse curso). E aqui só estudam os melhores. Fiquei na dúvida se os melhores são os que passam na prova, ou os que podem pagar a fortuna que custa. Pelo jeito tem que ser o dois, só um não resolve o assunto não!

Fico pensando quem está errado nessa história toda: será que sou eu por pensar que meus 10 anos de experiência (incluindo o estágio) na área tributária realmente não são suficientes e que preciso mesmo de uma pós-graduação? Será que é o homem que está a minha frente e precisa se justificar por fazer um processo seletivo num curso de pós-graduação? Será que é a OAB que apesar de fazer a sua prova, ainda assim, aprova pessoas sem condições de advogar? Será que são os donos das faculdades que transformaram as faculdades em verdadeiros estelionatos educacionais e vendem diplomas como garantia de sucesso e felicidade? Ou será que é o Ministério da Educação que aprova as tais faculdades, sabe Deus como e por quê?

Olha, taí uma pós-graduação que eu gostaria de fazer. Se algum curso me desse a resposta dessas perguntas que ficam me rondando, eu faria com o maior prazer. Talvez seja um curso de filosofia, ou talvez, um curso de ciência política. Mas desse jeito eu só vou ficar com mais um curso no currículo (cursos esses que eu faço todo ano, mas que parecem não valer, o que vale mesmo é a tal da pós-graduação).

Saio do lugar mais desanimada do que entrei. Ainda não estou pronta para cursar essa tal de pós-graduação. Não por ter que fazer o teste, mas por achar que eu realmente gostaria de fazê-la por vontade própria e não por morar em um país que valoriza mais um pedaço de papel do que a vivência de uma pessoa. Por admirarem você pelo que você tem e não pelo que você realmente é.

Faço a inscrição “on line” da tal pós-graduação e lá se vão mais 30 mil reais divididos em 24 meses. Minha mãe me diz que é o preço para chegar lá.
E esse “lá”, será que vai se tornar “aqui” algum dia?
Às vezes é difícil morar nesse mundo.

7 comentários:

  1. E o livro, quando sai? ;-)
    Não entenda como mais uma pressão, é só um elogio... rs
    Beijos!

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  2. Olá,
    Obrigada pelo elogio, fico feliz que goste das besteiras que escrevo.
    Quanto ao livro, ainda não sei, rsrsrs (desculpe mas não agüentei)
    Bjos

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  3. Ana, cada dia que passa eu te admiro mais... Sabe por que? Você, mesmo passando por momentos de pressão e estresse, não perde o humor e ainda consegue tirar um sarro da situação!!! rsrsrs
    Vc é no mínimo, espirituosa e muito bem humorada!
    Beijos! Te adoro!!!

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  4. Ei Ana. Já entrei algumas vezes em seu blog. Quase sempre ao procurar por algo que me interessa, caio no seu blog... hoje nao resisti. Vou ter que comentar. Esse lance da pós. Eu fiz. Pra quê? Como vc disse, o tal papel faz falta. Como? Trabalhando em uma faculdade. Isso facilitou um bocado, consegui uma bolsa. Mas pra falar a verdade, acaba fazendo sim alguma diferença. Não sei se é o ambiente acadêmico ou se são as pessoas incríveis que aparecem na turma (tem gente de todo tipo e com todas as formações possíveis e imagináveis). No final das contas o que ganhamos é a oportunidade de participar de um grupo seleto de pessoas, que, embora interessadas estão também desacreditadas no tal "papel" que toda e qualquer empresa solicita. Mas, a meu ver, está exatamente aí o segredo da pós: a troca de experiências que nenhum professor, por melhor que seja, vai superar. No mais, é se conformar... vc realmente vai precisar parcelar um carro em 24x e nem cheiro dele verá rsssss Boa sorte! Bjs.

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  5. Oi Diva, obrigada pelos elogios. Espero que essa troca de experiências valha o custo do curso.
    Quanto a equivalência do preço do curso x compra de um carro, agora, com a redução de IPI até que dava para comprar um modelo legal, rs
    Espero que o investimento me dê chance de comprar um jipe bacanudo depois. beijos

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  6. Pat, vc é uma fofa, sabe disso. Um beijo

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  7. Pois é, Ana, eis uma grande verdade dita por você.
    A sociedade exige, mas será realmente necessário?
    Quantos mestres e doutores podem dizer-se um advogado competente?
    Alguns mal sabem redigir uma petição...
    Prefiro ser um advogado competente, concursado, com vasta experiência profissional, a ser um um portador de pós-graduação, porém medíocre no desempenho do meu mister.
    Um abraço e parabéns pelo blog (que encontrei por acaso).
    Daniel

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