Olá queridos,
Faz um tempo que não apareço na blogosfera. A vida anda muito corrida e o tempo que sobra é basicamente para dormir. Mas recebi um texto de uma amiga muito querida e não podia deixar essa chance passar em branco.
Eu acho que ela leva jeito e deveria investir na carreira de escritora. Iniciada a campanha: Jeanne, escreva mais, por favor!
Beijos a todos,
Ana
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Domingo de manhã na cidade de SP. A chuva terminava de cair. Preguiças a parte, ótima desculpa para tomar um majestoso café da manhã com meu namorado na doçaria de uma amiga de trabalho.
O lugar é charmoso, o bairro é nobre e as pessoas são bonitas. Mas, por que sinto um cheiro de descontentamento e apatia daqueles jovens bem nascidos? Um garoto, que falava fluentemente seu inglês junto a um amigo de intercâmbio tinha a sua atenção dividida entre o pai e sua jovem madrasta. “Por que não pediu ajuda para se barbear, menino?” “Agora está todo machucado”...
E entre uma ida e volta ao Buffet principal, onde havia todo o tipo de pãezinhos maravilhosamente feitos a mão, comecei a reparar na mesa ao lado com mais dedicação.
Na mesa ao lado – um de frente para o outro – pai separado e filha adolescente compartilhavam ou tentavam compartilhar mutuamente daquele momento.
Não sabia e nem saberei ao certo se havia acontecido alguma coisa antes da chegada deles à doçaria. Apenas sei que eram pai e filha e que ela não estava nem um pouco interessada em nada a sua volta. Isso incluía a presença de seu jovem pai sentado em sua frente.
O aparelhinho celular que estava nas mãos da garota a fazia entreter. Muito. Mais interessante e envolvente. Mesmo estando ela na presença (quem sabe escassa) de seu pai e fazendo seu desjejum num lugar tão encantador.
Não é a primeira vez que penso sobre o excesso de coisas e informações aos quais os jovens estão submetidos. Uma geração com excesso do ter e nenhum apontamento sobre o ser. Pais trabalhando e justificando suas ausências com bens e falta de autoridade.
Acho que a falta da valorização dos valores básicos do ser não estão sendo ensinados em nenhum momento pelos pais aos seus filhos. Deixando que este aprendizado seja adquirido com a vida, com o mundo, com as experiências boas e ruins. Que pena, apenas fazê-los entender com a perda.
Assim, por todo o momento em que estava tomando o meu maravilhoso café da manhã, respirando o cheiro da chuva que vinha da porta de entrada, aproveitando todos os minutos a conversar com meu maravilhoso namorado, absorvi os vários momentos de monólogo paterno e o silêncio de vários minutos da filha que não desgrudava a mão daquele aparelhinho tão antipático.
Mas, finalmente o silêncio foi quebrado: “Pai, eu já disse que não quero mais comer. Já estou cansada de comer, entendeu?”
E assim, vai o pai solitário até a mesa central do Buffet em busca do último café.
Olho pelas grandes janelas. Volta a chover.
Ei Ana!
ResponderExcluirSua amiga tem jeito com as palavras mesmo ;)
E o conceito de ser fica cada vez mais apagado, e nem é só entre os jovens não..
=/
Beijoss
Ana...Amei o post da sua amiga....ela conseguiu me levar até o lugar do acontecimento e perceber toda a situação.Sensivel,observadora e sem dúvida uma sonhadora.Parabéns........
ResponderExcluirQue lindo... e que dó desse pai. Dessa meninas. Da nossa geração.
ResponderExcluirBeijos e wellcome back :)