segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Contra a banalização da idiotice


Duas últimas notícias estão me deixando realmente indignada: a alteração das regras do português e a inspeção veicular.

Jesus e Maria José! Quer coisa mais ridícula? Quer prova maior da falta do que fazer? Pra que mudar as regras do português, me diz? Para dar mais trabalho a quem vive da escrita, como eu? Ou vocês acham que posso fazer uma nota de rodapé em cada petição e dizer ao juiz: ”Vossa Excelência que me desculpe, mas só vou aderir a nova regra gramatical, quando ela se tornar realmente obrigatória, pois sou contra toda essa palhaçada!” Não rola, não é? E quanto aos livros que tenho, o que devo fazer? Jogá-los fora? Sim, porque se continuar lendo-os não vou aprender as novas regras nunca.

E quanto ao Word que insiste em mudar para o português antigo quando escrevo com o português novo? E os milhares de livros entregues nas escolas públicas, serão todos queimados, é isso? Será que alguém pensou nesse detalhe? Os milhões de reais que serão gastos pelas empresas públicas e privadas para adaptação à reforma ortográfica (será que “ortográfica” ainda tem acento? Agora fiquei na dúvida) foram orçados? Fui hoje tentar comprar um livro com as novas regras e tinham acabado. Pensei em mandar um e-mail ao nosso digníssimo presidente (ia escrever presidente com “p” maiúsculo, mas desisti, para quê, não é mesmo?), indagando-lhe sobre as novas regras (se é que ele sabe quais são), mas lembrei que ele está em férias na Bahia. Acho que se ele estivesse no trabahano (coisa difícil de acontecer) e se me atendesse (coisa impossível de acontecer), com certeza me diria: “veja bem, minha cara Ana Paula, agora você se sifú ...

Vou fazer uma petição demonstrando a inconstitucionalidade da Lei da nova ortografia. Ela fere a minha individualidade em me expressar, além de causar um rombo em qualquer orçamento, quer seja público ou privado. Será que algum juiz sentenciaria favoravelmente? Não duvido, mas, como um processo dura em média uns 20 anos no Brasil, desisti... Até lá as regras já estariam valendo, anyway...

Sabe, às vezes dá desânimo morar nesse país. Fico pensando porque não fazem uma Lei para que os bares, shoppings e restaurantes tenham que reciclar as milhares de toneladas de lixo que todo dia é jogado em aterros comuns? Deve ser para manter os empregos dos miseráveis que vivem de recolhê-los, para não morrerem de fome, penso eu.

Ou, porque não fazem um projeto sério para acabar com a violência e o caos em que mergulha o Rio de Janeiro? Desses de longo prazo que teria como alvo principal a inclusão social e a melhoria das condições das pessoas que moram nos morros, ao invés da polícia invadi-lo por uma semana e depois disso, voltar a ser tudo como era antes? Alguém sabe me dizer? Ou ainda um projeto de Lei que isentasse as empresas dos tributos, sob condição de que elas ajudassem as ONGs que tiram das ruas as crianças carentes e lhe dão um pouco de carinho, um pouco de educação, uma profissão e um futuro melhor. Será que só eu penso nessas coisas?

E quanto a essa história de inspeção veicular? Não sabia que carros fabricados a partir de 2003 são os que mais poluem. Achei que fosse justamente o contrário, os mais velhinhos fossem os mais problemáticos. Assim como os caminhões e ônibus que utilizam diesel.

Ah Ana Paula, pára (esse para vai perder o acento, isso eu sei) de escrever essa coisa de crítica, esquece essa história. Vamos assistir ao big brother que começa semana que vem. O ano acabou de começar, daqui a pouco chega o carnaval, vamos nos preocupar com isso depois.

Pra mim, num dá. Acho que vou tomar um drink para ver se pelo menos me alegro um pouco. Beber e matar neurônios, assim penso um pouco menos, assim tento me alienar e tentar ser feliz nesse país povoado por idiotas, principalmente por idiotas com poder de fazerem Leis e me obrigarem a mudar minha maneira de escrever.

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