sábado, 10 de janeiro de 2009

Mais um dia


Ouço meu despertador tocando. São 6:30 da manhã. Como hoje é dia de lavar o cabelo, preciso levantar um pouco antes. Abro rapidamente os olhos e automaticamente aperto a função snooze e repito a operação algumas vezes, até às 7:00. O maldito toca de novo. Abro um olho, fecho, abro o outro, fecho. Faço a indagação mental e matutina do porquê tenho mesmo que ir trabalhar. Lembro que é o preço para ganhar dinheiro e comprar todos aqueles sapatos lindos, fabulosos e que eu adoro, e que muito em breve estarão numa sapateira que sempre sonhei e, claro, talvez seja uma advogada respeitada ou uma cronista de sucesso. Ok, então vamos lá. 7:10. Os planos de levantar um pouco mais cedo não funcionaram. Olho no espelho. Nossa, tenho 30 anos. O cabelo realmente precisa ser lavado. Ligo o chuveiro, faço a rotina que todos conhecem e, lavo as madeixas.
Saio do banho, 7:35. Quem mandou atender às chantagens do namorado e manter tão longo o maior charme feminino? Estou super atrasada. Ainda bem que hoje é sexta-feira e um jeans e uma blusinha, bastam. Nada de social por hoje. Ouço as notícias do jornal na tv. Como sempre, notícias ruins, ok, ainda vou me acostumar. Previsão do tempo: sol durante todo o dia, máxima de 31º e grande possibilidade de chuva no fim do dia. Coisas de verão. 7:49. Hora do café. Amasso uma banana e jogo cereal com fibras. Meu intestino não negocia mais, as fibras são indispensáveis. Deve ser a idade, penso. Como uma nectarina e um pedaço de panetone que sobrou das comemorações de fim de ano. Pego meu livro, Travessuras de Menina Má, do Mario Vargas Llosa. Lembro que preciso abastecer meu bilhete único. Saio de casa, passos largos e rápidos a caminho do banco. Saco R$ 50,00. Entro no metrô. Chego à plataforma. Lá vem o metrô. Quando pára, tomo um susto. Ele está mais cheio que o normal. Espero descer todo mundo e torço para que consiga entrar antes do apito e do fechamento das portas. Consegui. Avisto um assento vago. Me sento. Abro meu livro, suspiro e começo a ler. O metrô pára na próxima estação. Entra uma idosa. Cedo meu lugar a ela, como mamãe ensinou. Maldita mamãe. Maldita idosa. Leio em pé. Sinto que alguém me olha. Levanto os olhos. Sim, tinha razão. Uma pessoa desagradável mastiga o chiclete de forma asquerosa e, ao ver que tinha sido notado, me olha de cima abaixo com cara de safado. Fecho a cara. Malditos Safados. Ele continua. Fecho mais ainda a cara. Contraio o máximo que posso a pele da testa. Aperto os olhos para mostrar minha fúria e indignação para ver se funciona. Ele nem se abala. Maldito! Penso mais uma vez. Dou de ombros e continuo lendo meu livro. O que mais posso fazer? Ouço no alto falante: “Para melhorar a oferta de lugares na outra via, esse trem prestará serviço até a estação São Bento do Metrô”. Muitos resmungam, descem na próxima estação. Chega a minha, desço. O cara do chiclete continua lá. Me viro e aguardo a porta se abrir. Penso que o dito deve estar olhando para minha bunda. Fico de mau humor. Caminho até a saída. Caminho até o trabalho. Ao chegar, minha amiga me olha e diz que estou bonita. Abro um sorriso. Ganhei o dia. Agradeço e digo que ela também não está nada mal. Chego na minha mesa. Procuro o celular para colocar na função de vibrar. Droga, esqueci em casa. Justo hoje que é sexta-feira, me lamento. Preciso acordar mais cedo e fazer as coisas com mais calma. Ligo o computador. Começa mais um dia.

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