segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Gente

“Gente é tão louca e, no entanto, tem sempre razão.
Quando consegue um dedo, já não serve mais quer a mão.
E o problema é tão fácil de perceber.
É que gente ... gente nasceu pra querer”.
(Raul Seixas)

Esse fim de semana recebi um prospecto de um lançamento imobiliário. Adorei a planta, a localização, o apartamento decorado e a área de lazer. Enfim, adorei tudo e já me imaginei dentro dele, com meu marido e filhos, todos sorrindo num domingo de sol.

O único porém, é que eu acabei de comprar um apartamento. Parei para prestar atenção no que eu estava fazendo. Não estava curtindo o gostinho de ter comprado um apartamento e já estava pensando em outro maior. Que medo!

Divagando sobre o assunto, percebi que não sou exceção. Não sou só eu que tenho esses arroubos consumistas. Vivemos em função desse consumismo, atualmente. Afinal, qual é a intenção de lançarem a cada três meses um novo modelo de celular, de aparelho de TV ou de um carro?

Na época da minha avó, as panelas eram bem grossas, as geladeiras e fogões eram de ferro esmaltado. Uma máquina de lavar roupa durava uma vida inteira. Hoje os produtos não são mais feitos para durar. Tudo é descartável.

E porque sempre colocam pessoas bonitas, sensuais e de bem com a vida utilizando esses produtos? Para que a gente seja condicionado a querer viver dessa forma, de sermos assim.
Mas será que está tudo errado? Afinal, o consumo também faz girar a economia, gera emprego, melhora a vida das pessoas. Esse seria um círculo virtuoso ou vicioso?

O “detalhe” dessa vida acelerada de hoje é que as pessoas estão frustradas. O fato de não conseguirem comprar um apartamento maior, ou trocar de carro todo ano, ou de adquirir aquele lançamento da televisão de Led super hiper mega plus, faz com que elas se sintam fracassadas, marginalizadas, dignas de pena das pessoas.

Sinceramente? Estou cansada dessa vidinha medíocre de que é mais importante ter do que ser. O pior é que todo mundo embarca nessa: os amigos, a família, os colegas de trabalho. Para você ser admirado, deve ser bem sucedido profissionalmente, ter porte atlético, carro de última geração e tirar férias para um lugar inédito a cada seis meses.

Sempre fui taxada de “diferente” pelas pessoas. Também tenho meus arroubos consumistas (basta ver meu estoque de sapatos), não quero ser uma monja tibetana avessa ao mundo moderno. Só acho que preciso aproveitar meu apartamento. Daqui dez anos eu me preocupo com outro.

Em tempo: Não sei quem sofre mais, se são as pessoas que entram nesse “sistema” e não percebem a indução a que são submetidas ou se são as pessoas que sacam as coisas, mas não podem fazer muito a respeito. Eu me incluo na segunda turma. E você?

21 comentários:

  1. Ai, segunda turma também...
    Coisa mais triste, cada vez que fico triste acabo optando por melhorar com consumismo, mesmo sabendo o quanto isso é tosco e superficial.
    Aiii comprar apto é ótimo hein??? Parabéns pelo teu. Eu estou tentando convencer o Digníssimo de que precisamos de uma casa com quintal. Tá difícil.

    Beijo

    ResponderExcluir
  2. nao é facil encontrar um ponto de equilibrio nisso. eu sempre sonhei com um carro, uma casa grande, cheia de coisas dentro (como todo mundo sonha e quer...), mas depois de camilo (engenheiro ambiental um pouco avesso ao consumismo - veja bem, "um pouco") eu quero deixar essas coisas beeeem la pra frente e tenho me importado menos com as COISAS ao meu redor. compramos moveis em mercados de usados, nao temos tv, andamos de bicicleta pra cima e pra baixo e procuramos aproveitar e reaproveitar tudo. depois de um tempo você acaba se sentindo livre, sabe? menos presa as... coisas. eh bom. :)

    ResponderExcluir
  3. Odeio pensar que o ter as vezes é mais importante que o ser..
    Mas o fato é que o consumismo existe, e todos acabamos cedendo um pouco..

    ResponderExcluir
  4. Oi, Ana
    Acredito em coincidências, mas talvez seja porque o assunto está mexendo com todas nós, né? Olha, respondendo a sua pergunta, eu tb me incluo na segunda turma. No entanto, acho que, por termos um blog e seguidoras, não deixamos de contribuir um pouquinho para fazê-las refletir e até mudar. É só um começo, mas JÁ é um começo =]
    Um beijo pra você e obrigada pela visita

    ResponderExcluir
  5. Oi Ana, sou uma consumista confessa e culpada!
    Fico sempre pensando: já consegui isso, o que vou querer agora?
    E isso é horrível....vc tem razão em falar que as pessoas se preocupam mais em ter, do que em ser...

    ResponderExcluir
  6. Eu acho q sou consumista, porém mais consciente... Eu gosto de trocar o telefone, o carro, móveis, PC, mas não é todo dia não... Penso na forma de descarte e me questiono se ainda não dá para esperar um pouco mais...

    Tem pessoas que trocam telefone 3 vezes por ano, absurdo.

    bj

    ResponderExcluir
  7. Ana, gostei do seu cafofo.
    E sobre o post, realmente viramos refém desta era ter ao invés de ser.
    Mas quem não tem seus dias de consumo, hein?
    Enquanto for prazer tudo bem, quando vira neura aí o buraco é mais embaixo...

    bjão

    ResponderExcluir
  8. Ana,

    Texto muito bacana, que incita à reflexão...
    Cada um é cada um, é claro, mas tudo seria tão melhor se fossemos menos "acelerados" com relação ao consumo... afinal, há tanta coisa linda por aí para se ver, para se sentir, para se pensar, para se amar... e, no fim das coisas, quando a coisa aperta o que mais vale nessa vida é um longo abraço e palavras carinhosas... tem preço ?

    beijo

    ResponderExcluir
  9. Ana, essa cultura do consumo é mesmo embaçada.
    Estar na sgeunda categoria faz com que a gente sofra sim, ams como disse alguém aí em cima, o legal de ser consciente é passar isso pra frente. Na hora que você se expressa a respeito, e essa mensagem atinge a galera, você já está fazendo algo, o que minimiza nossa sensação de impotência!
    Conscientes ou não do problema, a verdade é que cada um de nós contribui, à sua maneira, para esse sistema atual de consumo... são os sapatos (eu tb sofro deste mal), os celulares, as telas planas, tudo o que orienta nosso dia a dia.
    Tem um vídeo bem maneiro sobre o assunto que eu faço questão de divulgar sempre. É meio comprido (uns 20 minutos), mas vale a pena assistir e re-assistir!
    Taí o link:
    http://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k
    Vai lá!
    Beijão

    ResponderExcluir
  10. O único luxo que faço é viajar, como vc pode ver no meu blog.
    Povo consumista é o japonês, fico pasma!

    Fiquei contente com a sua visita. Faz tempo que vc não aparece. Saiba que leio tooooooooodos os seus posts. De certa forma vc está sendo um norte para a minha vida.
    Tá ficando sério, não. rsrs

    bj

    ResponderExcluir
  11. É... a gente é consumista mesmo. Eu faço parte desse clube mas tento não deixar ele me dominar.

    Beijão

    ResponderExcluir
  12. Com a segunda galera total!!Nunca fui influenciada por "pessoas sensuais da tv", meu aparelho celular é o mesmo de 03 anos atraz que ganhei a força do pai!! rs. Mas assisto lamentando familiares embarcando na onda dos consusmistas descontrolados sem pensar no futuro...
    Beijos Aninha
    Adorei o texto!!

    ResponderExcluir
  13. Eu fico com a liberdade do desapego.. ainda me sinto melhor assim do que sendo escravo do dinheiro... sempre....
    o sistema capitalista cria necessidades falsas e a maioria das pessoas abraça... fazer oq.... pra mim, dinheiro é o meio e nunca o fim....

    Eu tenho necessidades.. minhas vontades tem, pouco a ver com o material...

    agora o que me emputece mais, é ver gente consumista que nao tem grana pra consumir...no fim das conta se enforca pra conseguir ser igual a mocinha (ou o rapazinho) da novela.... se ser consumista tendo grana é medíocre.... imagine ser consumista sem ter...

    ResponderExcluir
  14. Sem dúvida alguma, "Ser" é mais importante do que "Ter".
    O problema do consumismo, é mais nítido em países "em desenvolvimento", onde qualquer tênis de determinada marca, significa status para quem usa, e as pessoas são capazes de deixarem de comer, para não ficarem atrás.
    A ambição saudável, para mim é como um estímulo diário, onde podemos traçar objetivos de médio e longo prazo, para adquirirmos o que desejamos, ou seja, querendo a mão...mas valorizando o dedo que temos! rsrsrs
    Beijãozão!

    ResponderExcluir
  15. Oi Ana
    Na indentidade (RG) tenho 40. Fiz em junho.
    Não sei se já gosto dos enta, tenho cá minhas dúvidas, estou naquele período de me acostumar, a.me.i os 30, mas como idade cronológica não tem a ver com espiritual, em alguns dias tô mais pros 17 em outros tô beirando aos 35 e no meio disto tudo tõ curtindo a maturidade "empoderada" das mulheres de 40. O que importa é que o espírito está bem novinho. hehehe
    E você?

    bjão e bom resto de semaninha!

    ResponderExcluir
  16. Acho que me incluo nessa segunda turma. Acabo sendo consumista tb,afinal quem não é. O pior e que temos conciência disso e simplesmente nos tornamos submissos dessa situação ao invés de sermos avesso a ela.

    Beijoss e Obrigada pela visita.

    ResponderExcluir
  17. Acho que tô mais pra monja tibetana...
    Mas parabéns pelo novo apartamento. Espero vender a minha casa e poder comprar outra em breve. Abração!

    ResponderExcluir
  18. Olá Ana, sou uma recém viajante do seu blog e estou gostando. Sobre o post: acredito que não há no mundo quem não seja, pouco ou muito, diferente ou comum, o consumismo é tão vivo quanto seus produtos. Agora, se eu fosse escolher uma das opções que tu colocaste, diria q tbm estou na segunda, uma consumista consciente, mas sem armas!!! Boa semana.

    Este é meu blog, recém-nascido, adoraria tua visita: http://cronicaseblas.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  19. hummm, acho q esse mundo consumista tem lá suas vantagens, como vc mesma diz, dá emprego, faz a economia girar...
    nao implico muito com ele, se bem q queria ter muito mais sapatos, o meu unico medo é q as pessoas começam a se tornar descartáveis também

    ResponderExcluir
  20. Com certeza Ana eu me incluo na segunda também!
    Vivemos num mundo com a hegemonia única e absoluta do capitalismo e avaliando sua evolução histórica não precisamos ser um Einstein pra perceber que sua preocupação social é zero. Não digo que o capitalismo é o malvadão da história... O Comunismo também tinha seus prós e contras, além disso sua idelogia Marxista havia sido sobrepujada pela Stalinista então já sabemos o resultado...
    Mesmo assim agora que o capitalimo está meio estremecido eu me pergunto: Qual será o novo sistema da vez? Voltaremos a um Estado Social? Não, não creio...

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails