sábado, 10 de janeiro de 2009

Advogado x Adevogado

Poucos sabem, mas existe uma grande diferença entre advogado e adevogado. Ambos são formados e possuem a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, sendo assim podem advogar legalmente. Mas a grande diferença está no advogar e no adevogar.

O advogado é sisudo e distinto. Sisudo porque usa sempre ternos de bom corte e gravatas elegantes. Distinto porque sabe tratar seus clientes sempre com a maior educação. Estudou muito, a vida inteira e tinha fama de nerd na escola, porque sempre tirou boas notas, e tem uma grande bagagem. É dotado de garbor e elegância.

O advogado passa no Exame da Ordem de primeira (no máximo na segunda tentativa). O adevogado entra com Mandado de Segurança para exercer a profissão sem precisar passar na prova. Como ainda não pode advogar, digo, adevogar, pede para algum amigo adevogado mais experiente assinar a peça e como seus fundamentos jurídicos são parcos, como era de se esperar, a peça é indeferida.
Sendo assim, ele tenta cinco exames, faz nove vezes o cursinho preparatório e faz até promessa para Santo Expedito para tentar ser aprovado. Quando consegue, conta para a família inteira, a mãe chora e ajoelha para agradecer a Deus e o pai conta no trabalho todo orgulhoso que o filho conseguiu “a vermelhinha”. O adevogado sai exibindo a carteira até no cinema quando pedem sua identidade só para mostrar que é “dotô”.

O adevogado adora muitas cores, ele usa camisa marrom de microfibra, gravata vermelha (de tricô ou não), terno claro, e acha que está bonito. As cores são sempre um atrativo especial na vestimenta dele. Ele sempre acha que quanto mais, melhor, mesmo que (na maioria das vezes) elas não combinem.

O advogado é culto. Ele gosta de ler vários livros. Ele gosta de literatura de um modo geral, mas especialmente dos clássicos nacionais e internacionais. Aliás, sua biblioteca pessoal é geralmente invejável. Ele discute assuntos variados e se arrisca em artes e filosofia. O adevogado também lê, mas seu gosto por leitura é duvidoso: geralmente está com um livro de auto-ajuda nas mãos, que comprou em sebo, é claro. Se você perguntar que livro marcou sua vida, ele vai responder, todo orgulhoso, “O código da Vinci”. E quando, você for discutir algum livro interessante que acabou de ler, ele vai citar algum livro jurídico (de preferência, de poucas páginas) e dizer que está tentando “decifrá-lo”.

O advogado gosta de ópera, gosta de concertos e vai à pinacoteca. Seus filmes preferidos são os europeus. Ele freqüenta o Reserva Cultural e vai ao teatro. O adevogado adora Cinemark, onde assiste a todos os filmes norte-americanos e prefere os de ficção científica como “Homens de Preto”, “O dia depois de Amanhã” e “Armagedon”. Também adora um pagode e quando o assunto é barzinho, põe logo uma camisa florida com estampas grandes e chamativas, óculos na cabeça e corrente (pode ser de coco, banhada a ouro, ou essas correntes grossas de prata) e sapatênis, afinal adevogado que se preze deve ficar sempre “bem vestido”.

O advogado pode ou não trabalhar com causas grandes. Mas geralmente seu trabalho, por sem bem valorizado, envolve assuntos de grande complexidade e por isso mesmo, grandes quantias de dinheiro. O adevogado trabalha com cível, família, criminal (inclusive Tribunal do Júri), tributário (geralmente execução fiscal), trabalhista, multas de trânsito e inventários. Enfim, sua especialidade é ser generalista. Seu escritório geralmente fica no andar de cima de uma padaria. Ele pode ou não ter uma imobiliária e também tratar de assuntos relativos a condomínio.

O adevogado adora ser síndico. Ele gosta de dizer “data vênia” nas assembléias condominiais para que fique evidente a todos os seus ilibados conhecimentos jurídicos. Apesar que, pouco entende de português, escrevem “tão pouco” ao invés de tampouco e comenta numa reunião com cara de sério: “não podemos cometer erros craxos” (!) e partindo da “primicia”, (ao invés de premissa) são exemplos verdadeiros que já foram presenciados pela minha pessoa.

Vive recebendo cobrança de cartão de crédito, de cheque devolvido, de protestos em seu nome. Mas, sempre proclama a sua profissão e ameaça processar a empresa de cobrança, que tenta, sem êxito obter algum acordo.

O advogado geralmente tem conhecimento da existência do adevogado e se sente muito infeliz pelo fato de que o senso comum geralmente confunde o primeiro com o segundo. Que fique claro: adevogado e advogado não se confundem. Eles são muito diferentes, apesar de que são todos intitulados como “doutores”.

12 comentários:

  1. E olha que ontem teve exame da OAB/SP. Vc vai ganhar muito colegas, dentre advogados e "adevogados"!!! rsrsrs... Só na primeira fase foram mais de 23 mil!!! Veja o lado bom, se todos eles contribuirem com a previdencia de advogado que vc paga, vc certamente vai ter uma aposentadoria super tranquila!!! Não tem jeito desse fundo de previdência quebrar!!! rsrsrsrs...

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  2. te processarei por este texto.

    Dr. Gaudêncio.

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  3. Acho que o colega desconhece o princípio básico da livre manifestação do pensamento! Aliás, até onde me recordo, a autora também é advogada e tem ainda mais propriedade para manifestar o seu pensamento a respeito da classe!
    Ana: lidava com esse tipo de "indignação" diuturnamente no jornal onde trabalhava! Se quiseres te defendo!
    Obs.: Passei na oab de prima!!! rsrsrsrs... Beijão! Infelizmente e com pesar, sou obrigado a concordar com seu texto!

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  4. Li atentamente o texto e fiquei curioso em saber se os estereótipos retratados tão fielmente por essa subscritora são frutos de uma observação apurada ao longo de uma vasta experiencia profissional , ou refletem de algum modo uma visão limitada e pessoal da advocacia. Seja de uma forma, ou de outra reputo imprudente, para dizer o mínimo qualquer forma de generalização. A propósito, com relação a referência feita ao Tribunal do Júri, mencionada por certo com o objetivo de dar ênfase a figura caricata do "adevogado", traduz na verdade e ao meu sentir uma indelicadeza que não honra a presumida formação ética preconizada em nosso Estatuto da qual Vossa Senhoria por certo é detentora . Permito-me dizer que se perdeu uma excelente oportunidade de dignificar à classe, para ao contrário, depreciá-la. Aliás, maus profissionais existem em todas as classes, como podemos , testificar, todos os dias.

    Limitando-me ao particular.

    Theodoro.

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  5. Não sou nem um nem outro, mas estou achando bem injusto esse texto. Um bom advogado não pode ser medido por seu gosto musical, hobbies ou mal gosto na escolha do seu costume. E além do mais se os "advogados" fossem tão bons exemplos de cultura, conhecimento e intelecto eles teriam também moral, decência e bom senso de justiça, o que acaba sendo muito mais importante na minha opinião do que a escolha de uma bela gravata.

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  6. Não sou nem um nem outro. Por enquanto apenas estudo pro vestibular.
    Gostei do começo do seu texto mas tenho que lhe dizer que logo após a introduçao me decepcionei!

    Nota-se muito preconceito cultural. Afinal, gosto e cultura pertencem a cada pessoa como cidadão e mostram sua regionalidade e particularidades. Creio que o exercicio da advocacia nao seria prejudicado por um domingo a tarde tomando cerveja e ouvindo um bom pagode.

    Quanto ao resto, acho que a intençao do texto foi alcançada, que ao meu ponto de vista era a de, com certo humor, esteriotipizar o bom e o mau advogado! E voce sabe o que isso quer dizer nao é?

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  7. Minhas considerações sobre os comentários:
    Wilson, tomara que a previdência não quebre, visto que o IPESP naufragou. Obrigada!
    Dr. Gaudêncio, ainda no aguardo da citação. Desistiu do pleito?
    Theodoro, infelizmente o senhor não interpretou meu texto corretamente, pois se o fizesse veria que a menção ao Tribunal do Juri foi elogiosa, visto tratar-se de área muito específica ao direito. Uma pena!
    Anônimo 1, moral, decência e bom senso de justiça, são, ao meu ver, obrigação de cada um e não qualidades.
    Anônimo 2 pagode não é música e quem gosta é brega, ponto final. Se o senhor se sentiu ofendido, lamento, mas o senhor será um ADEVOGADO.
    Curioso verificar que a procura pelo "adevogado" no google trazem as pessoas aqui. Resta saber qual seria o motivo da busca, hahaha

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  8. Nossa gordinha... seu comentário é carregado de preconceito, não? Embora eu curta Jazz e Bossa Nova, prefira tênis, bermuda e camiseta dry, leia história e clássicos (inclusive os tenho aqui), sei respeitar e não ridicularizar quem tem gosto diferente. Não pertenço a classe, mas achei este espaçozinho aqui por ser um usuário do (blogger), e seu blog estava numa lista de recomendações, sic!
    Ps.: Não tenho preconceito quanto as gordinhas, inclusive algumas são gatinhas, não sei se é o caso sa Sra., pois só deu pra ver o rosto, ele é tão bonitinho, redondinho...
    Abraços!!

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  9. Caro anônimo, lembre-se de continuar se despindo desse suposto preconceito quando precisar de um advogado, ok? A opção é sua.
    Quanto a saber se eu sou gordinha ou não, nem vou comentar. E ainda acha que tem moral para dizer que eu sou preconceituosa tsc tsc

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  10. Olá Ana, boa tarde!
    Não sou preconceituoso, foi só pra polemizar um pouquinho,provocar. Achei que a maneira que a Sra. escreveu, colocou como verdade absoluta esse estereótipo do "Adevogado", sendo que conheco "Adevogados" que curtem boates caríssimas, usam Armani, Yves Saint Laurent, ouvem Bossa, Erudito, e conheço "Advogados" que no final de semana estão no barzinho copo sujo da esquina, com um figurino pior do que o que a Sra. descreveu, (pois estão sem camisa, e trocam o mocassim pelas havainas), e uma "bela" bermuda mostrando o cofrão peludo, mas são profissionais de primeira, e ouvem no carro, Pagodecos e Sertanojos..rsrs.
    Pra falar a verdade, (tirando esse post do Advogado X Adevogado), sabe que estou gostando do seu blog? Gostei da teoria do "pau pequeno", muito embora eu não seja nem um africano nem um japonês, e me vire bem com meus 16cm e um bom calibre (talvez por isso não fecho ninguem no trânsito), e também me encorajei a assistir "Comer, rezar,amar", pois estava sem referências sobre esse filme. De outro modo, não concordo que um ânus feminino seja apenas uma área de serviço, de escape, quanta superficialidade Ana!!! Um belo e gostoso sexo anal é tudo de bom, impagável!!
    Pra finalizar, quanto as gordinhas, reitero que as adooooro, são sempre cheirosinhas, carinhosas, não comem como um passarinho, (dando a impressão que nós homens somos um avestruz quando saimos juntos), e no sexo, as coxas mais roliças massageiam deliciosamente o parceiro!

    Abração!

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  11. Caro Evandro, muito bom saber que se orgulha do seu apetrecho masculino, que gosta de gordinhas e que curtiu os outros textos.
    Volte sempre que quiser, o cafofo recebe bem (na medida do possível, é claro), seus visitantes!
    Sds.,

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